BORBOLETAS MAGNÍFICAS

CORUJAS MAGNIFÍCAS

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sábado, 4 de janeiro de 2014





Metade


       Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade
Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Pois metade de mim é o que ouço
A outra metade é o que calo
Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
A outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Pois metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Pois metade de mim é abrigo
A outra metade é cansaço
Que a arte me aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Pois metade de mim é plateia
A outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também

sexta-feira, 19 de julho de 2013



"O sol de fim de tarde atravessava seus raios luminosos pelos galhos da árvore frondosa.
O bem-te-vi pulava de galho em galho alegremente, sem cantar, em atitude de respeito.
Toda natureza festejava e reverenciava silenciosamente a chegada da linda e fagueira Aurora Boreal"...
                                                                                                                                                                             Maria da Graça
                                                                 19/07/2012
                                                                                                                                                                        

Um ano minha Aurora da sua partida para o país das Estrelas.
Sinto muita saudade...
Abraço daqueles minha querida, te amo...

                                            Maria da Graça
                                  19/07/2013



domingo, 9 de junho de 2013



Memórias

E uma ânsia constante        
Sempre existiu em mim.

Algures pelo caminho
Largaste minha mão.

Depois de tanto tempo
Depois de tanta dor
Tu voltaste e te reconheci

E gostei!

Eu me lembrei de tua partida
Eu me lembrei da tua luta pela vida
E dizeres, quero falar-te!

A porta se abriu e tu entraste
Olhaste os retratos que deixaste
E choraste.

Sensual e ardente
Este desejo de ti
Onde o pranto se espraia
Onde teu corpo descansa
E tua alma se prende.

Mas talvez não sejas como eu
E não sintas como eu sinto
E nada tenhas a dizer do que vive em ti

Se tu não és o passado
Nem o presente em mim
Eu busquei o caminho e sonhei o encontro...

Procuro no céu a cor do girassol
E sinto a chuva nas figuras distorcidas
Nas árvores que continuam vivas.

Eu entrei sem entrar
Te vi sem olhar
E representei sem pensar!

Senhor que fiz na vida
Representei ou sonhei?...

Que me tornei num poeta
Que tinha nascido
E nunca nasceu!


                                                     Maria Luísa Adães


sábado, 25 de maio de 2013




VENTO AMIGO


O vento toca...
Suavemente...
Meus cabelos...

Uma brisa fresca...
Me envolve...

Os galhos da acácias...
Balançam...
Num ritmo lento...

Como a orar...
Agradecendo...
Ao Pai...

Pelo frescor...
Da chuva...
Mansa...
Tranquila...

Que molha...
As folhas e flores...
Delicadas...
Das acácias...

Os pombinhos...
Passeiam...
À minha volta...
Sossegados...
Tudo está em paz...

Esta paz...
Me envolve...

Maravilhada...
Fecho os olhos...
Para sentir...
O vento...

Ele aumenta...
Que delícia...
Que prazer...

Nem percebo...
O movimento...
Dos carros passando...

Estou plena de harmonia...
Com minha mãe...
Natureza...

Abro os olhos...
Lá ainda estão...
As árvores...
Os pombinhos...
Os carros...

Só eu estou diferente...
Acabei de viver... 
Um momento mágico...
Estou em paz...

                                Maria da Graça
     21/01/2013





terça-feira, 23 de abril de 2013




Cheiro de Relva

Compositor: Dino Franco e José Fortuna

Como é bonito estender-se no verão
As cortinas do sertão na varanda das manhãs
Deixar entrar pedaços de madrugada
E sobre a colcha azulada
Dorme calma a lua irmã

Cheiro de relva
Traz do campo a brisa mansa
Que nos faz sentir criança
A embalar milhões de ninhos
A relva esconde as florzinhas orvalhadas
Quase sempre abandonadas
Nas encostas dos caminhos
A juriti madrugadeira da floresta
Com seu canto abre a festa
Revoando toda a selva
O rio manso caudaloso se agita
Parecendo achar bonita
A terra cheia de relva

O sol vermelho se esquenta e aparece
O vergel todo agradece
Pelos ninhos que abrigou
Botões de ouro se desprendem dos seus galhos
São as gotas de orvalho
De uma noite que passou




domingo, 17 de março de 2013



Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

                                              (Guimarães Rosa)

sábado, 23 de fevereiro de 2013





A Luz Que Acende o Olhar
                                                 Deborah Blando

A luz que acende o olhar
Vem das estrelas no meu coração
Vem de uma força que me fez assim
Vem das palavras, lembranças e flores regadas em mim


O tempo pode mudar
A chuva lava o que já passou
Resta somente o que eu já vivi
Resta somente o que ainda sou


A luz que acende o olhar
Vem pelos cantos da imaginação
Vem por caminhos que eu nunca passei
Como se a vida soubesse de sonhos que eu nunca sonhei


Vem do infinito, da estrela cadente
Do espelho da alma
Dos filhos da gente
De algum lugar
Só pra iluminar


A força vem de onde eu venho
De tudo que acende e a vida calada
Me olha, e entende o que eu sou
Tudo o que é maior
Vem do amor.


A luz que acende o olhar
Vem dos romances que viram poesia
Vem quando quer, se quiser, se vier
Vem pra acender e mostrar o amor que a gente não via


Vem como um passe de pura magia
Como se eu visse e jurasse que há tempo já te conhecia


Vem da luz que acende o olhar
Vem das histórias que me adormeciam
Vem do que a gente não consegue ver
Vem e me acalma, me traz e me leva pra perto de você
E me leva mais pra perto de você





sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013




O BEM QUE NOS QUEREMOS
                                                                    Bruna Lombardi


O bem que nos queremos
Se aninha entre as paredes dessa casa
há muito tempo nos observamos vê chegar, sair
fazer malas, promessas
adiar coisas, amontoar
existir levianos como sempre
e engraçados
e já com uma história
e já com outra cara.
Já nos conhece tão intimamente
sabe do humor com que acordamos
do amor com que nos maltratamos
cada ranhura e cada
pequenina estrela.
E a cada duvidar e a
cada angústia
o bem que nos queremos permanece.
Mudam as estações, os desejos, as fases da lua
mudamos nós
o bem que nos queremos continua

Do Livro: O Perigo do Dragão



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013



"Tudo o que acontece é natural inclusive o sobrenatural."

                                 Mário Quintana

domingo, 20 de janeiro de 2013




Todas as Vidas

Vive dentro de mim 
uma cabocla velha 
de mau-olhado, 
acocorada ao pé 
do borralho, 
olhando para o fogo. 
Benze quebranto. 
Bota feitiço... 
Ogum. Orixá. 
Macumba, terreiro. 
Ogã, pai-de-santo... 

Vive dentro de mim 
a lavadeira 
do Rio Vermelho. 
Seu cheiro gostoso 
d'água e sabão. 
Rodilha de pano. 
Trouxa de roupa, 
pedra de anil. 
Sua coroa verde 
de São-caetano. 

Vive dentro de mim 
a mulher cozinheira. 
Pimenta e cebola. 
Quitute bem feito. 
Panela de barro. 
Taipa de lenha. 
Cozinha antiga 
toda pretinha. 
Bem cacheada de picumã. 
Pedra pontuda. 
Cumbuco de coco. 
Pisando alho-sal. 

Vive dentro de mim 
a mulher do povo. 
Bem proletária. 
Bem linguaruda, 
desabusada, 
sem preconceitos, 
de casca-grossa, 
de chinelinha, 
e filharada. 

Vive dentro de mim 
a mulher roceira. 
Enxerto de terra, 
Trabalhadeira. 
Madrugadeira. 
Analfabeta. 
De pé no chão. 
Bem parideira. 
Bem criadeira. 
Seus doze filhos, 
Seus vinte netos. 

Vive dentro de mim 
a mulher da vida. 
Minha irmãzinha... 
tão desprezada, 
tão murmurada... 
Fingindo ser alegre 
seu triste fado. 

Todas as vidas 
dentro de mim: 
Na minha vida - 
a vida mera 
das obscuras!

                                              Cora Coralina


domingo, 13 de janeiro de 2013





É PRECISO...
               Cecília Meireles

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence. "







quinta-feira, 3 de janeiro de 2013



"Muitas pessoas pensam que a felicidade somente será possível depois de alcançar algo, mas a verdade é que deixar para ser feliz amanhã é uma forma de ser infeliz."
                        Roberto Shinyashiki

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

"Se pela força da distância, você se ausenta.
Pela força que há na saudade, você voltará"...
                                              Pe Fábio de Melo 


sábado, 22 de dezembro de 2012




Desígnios
                               Bruna Lombardi


alguém pode me dizer
se estava prevista na palma da minha mão
esta paixão inesperada
se estava já escrita e demarcada
na linha da minha vida
se fazia já parte da estrada
e tinha que ser vivida

ou foi um desgoverno repentino
que surpreendeu os deuses, todos
os que desenham o nosso destino
ou foi um desatino, uma loucura
uma imprevisível subversão
que só a partir de agora eu trago marcada
na palma da minha mão

Do livro: O Perigo do Dragão



sexta-feira, 7 de dezembro de 2012


Certo dia meu pai Evandro, me presenteou, com um lindo relógio de coração.
Estávamos na sala, da casa, de meus pais quando me entregou e disse que era para coloca-lo no meu trabalho.
Fiz então esta poesia, saída do fundo do coração...                       
Este é o relógio que meu pai me presenteou.
Ele está na parede do meu trabalho.
É lindo...

                   Maria da Graça




O tempo

Ganhei um presente do meu pai.
Um relógio.
É mágico?
É poderoso?

Pode parar o tempo?
Ou quem sabe voltar o tempo...

O tempo do meu pai e minha mãe jovens.
E nós as crianças à volta deles.
Brincar...Correr...Sonhar...
Risadas, gritos de alegria.

Sonhar...
Sonhos de menina.
Sonhos doces e ingênuos .

Para relógio.
Volta pra  trás .
Traga de volta... 
Meu pai, minha mãe.
Meus irmãos... Crianças.
Traga de volta a velha vida...

Ah! é só um sonho...
O relógio não parou...
O relógio não voltou...
Nós envelhecemos. 
Agora nossos corações conhecem as perdas...

                                                                           Maria da Graça






El Reloj
compositor:Roberto Cantoral
Compositor e cantor mexicano

 Reloj no marques las horas
Porque voy a enloquecer
Ella se irá para siempre
Cuando amanezca otra vez.

Nomás nos queda esta noche
Para vivir nuestro amor
Y tu tic-tac me recuerda
Mi irremediable dolor.

Reloj detén tu camino
Porque mi vida se apaga
Ella es la estrella que alumbra mi ser
Yo sin su amor no soy nada.

Detén el tiempo en tus manos
Haz esta noche perpetua
Para que nunca se vaya de mí
Para que nunca amanezca.

O relógio

Relógio não marque as horas
Poque vou enlouquecer
Ela se vai para sempre
Quando amanhecer outra vez

Sobra-nos apenas esta noite
Para viver nosso amor
E teu, tic-tac, me recorda
Minha irremediável dor

Relógio parar o seu caminho
Porque a minha vida se apaga
Ela é a estrela que brilha meu ser,
Sem o seu amor não sou nada.

Segura o tempo em tuas mãos
Faça desta noite perpétua
Para que nunca saias de mim
Para que nunca amanheça.



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


Plutão

OLAVO BILAC


Negro, com os olhos em brasa,
Bom, fiel e brincalhão,
Era a alegria da casa
O corajoso Plutão.

Fortíssimo, ágil no salto,
Era o terror dos caminhos,
E duas vezes mais alto
Do que o seu dono Carlinhos.

Jamais à casa chegara
Nem a sombra de um ladrão;
Pois fazia medo a cara
Do destemido Plutão.

Dormia durante o dia,
Mas, quando a noite chegava,
Junto à porta se estendia,
Montando guarda ficava.

Porém Carlinhos, rolando
Com ele às tontas no chão,
Nunca saía chorando
Mordido pelo Plutão . . .

Plutão velava-lhe o sono,
Seguia-o quando acordado:
O seu pequenino dono
Era todo o seu cuidado.

Um dia caiu doente
Carlinhos . . . Junto ao colchão
Vivia constantemente
Triste e abatido, o Plutão.

Vieram muitos doutores,
Em vão. Toda a casa aflita,
Era uma casa de dores,
Era uma casa maldita.


Morreu Carlinhos . . . A um canto,
Gania e ladrava o cão;
E tinha os olhos em pranto,
Como um homem, o Plutão.

Depois, seguiu o menino,
Seguiu-o calado e sério;
Quis ter o mesmo destino:
Não saiu do cemitério.

Foram um dia à procura
Dele. E, esticado no chão,
Junto de uma sepultura,
Acharam morto o Plutão.





domingo, 18 de novembro de 2012


Quero asas de borboleta azul para que eu encontre 
o caminho do vento
o caminho da noite  
a janela do tempo 
o caminho de mim
                       Roseana Murray




"A estrada da tua felicidade não parte das pessoas e das coisas para chegar a ti; parte sempre de ti em direcção aos outros."
              Michel Quoist